Memórias do Meu Quase Rock In Rio II

Guns com certeza era o que eu mais queria ver!

Gente, tenho nuvens de recordação do segundo Rock in Rio. Desde muito pequena eu era louca por rock. Influência do meu irmão, 9 anos mais velho e super fã do Queen, além de curtir Iron Maden e Camisa de Vênus.
Eu ia na onda e achava tudo aquilo incrível! Além de delirar com os discos de vinil dos Beatles da minha mãe. Pegava os encartes e ficava aprendendo a pronunciar todas aquelas letras em inglês.Não demorou para eu criar meu próprio gosto musical...Tudo isso ainda antes dos 10 anos de idade.
Depois disso vieram Legião Urbana, que conheci com minha amiga Aurora, ouvíamos o tempo todo, sem parar! Tinha Titãs e Paralamas, que faziam sons meio experimentais, cujos discos tocavam constantemente no som da casa de Alessandra e Júlia (era o pai delas que era roqueiro, o que me intrigava, pois não imaginava como seria ser coroa e gostar de rock). Tinha um amigo chamado Nem, que não tenho mais o menor contato, mas que me apresentou o Morissey (The Smiths) e eu fiquei absolutamente fascinada! Blitz era curtição, bagunça, quase como o Axé hoje em dia. Era música para divertir...
Barão Vermelho era forte! Aquele cara berrando tinha uma coisa especial. Ele não tinha voz pra cantar, mas hipnotizava a plateia. Era Cazuza, cheio de coisas interessantes. Cheio de frases de efeito. Cheio de contradições, como amaldiçoar a burguesia usufruindo de seus privilégios como poucos! Mas nele tudo era escusável. Ele estava mesmo acima do bem e do mal! Não como ser humano, depois viemos a descobrir, mas como artista, já que todo poeta é imortal.
Em 1991 meus tios Leleu e Tetsou (só agora descobri que não sei escrever em japonês!) vieram de férias e estavam hospedados na casa dos meus pais. Lembro que eu estava delirando sobre a possibilidade de ir para o Rock in Rio II, pois tinha tudo que mais queria assistir naquela época: Guns n´Roses, Faith no More, A-Ha, Debbie Gibson, Engenheiros, Biquini Cavadão, George Michael, Billy Idol, além da febre da época: New Kids on the Block...É gente, não é de hoje que o Rock in Rio não é só Rock!
Mas, enfim, tudo que vocês imaginassem que povoava o imaginário dos adolescentes daquela geração estaria lá na cidade do Rock.
Eis que meus tios se propoem a me levar para os shows. Eu quase infartei de tanta alegria! Mala arrumada, roupa chique para pegar o avião, afinal naquela época as pessoas se vestiam super bem para uma viagem... Ah! E as companhias aéreas serviam vinhos, uísques, champagnes e diversos lanches e refeições quentes, tipo arroz, carne, batata...Comida mesmo! Com direito a maletinha com prato, copo e talheres. A Varig então... Uau!
Só que um pequeno detalhe aconteceu: Fiz alguma malcriação com meu pai e ele abortou meu projeto, me pondo de castigo sem dó, nem piedade. Passagens e roupas compradas. Até meus tios padres tentaram interceder por mim, mas meu pai era daquele tipo que quanto mais pediam, mais autoridade ele demonstrava com um não cada vez mais redondo.
Hoje em dia fico me perguntando se iria mesmo para esses shows. Na época acreditei piamente. Mas meus tios moravam em São Paulo...Os dois super caseiros...Como chegou esse assunto de Rock in Rio? Será que eu ia simplesmente passar as ferias em Sampa e chorei por anos e anos pensando que minha unica chance de ir ao melhor festival da minha vida tinha ido por água abaixo pela birra do meu pai?
Será que todo mundo me enganou ou eu que planejei secretamente fugir de São Paulo para o Rio e criei essa certeza dentro de mim? Alguém mais lembra desse meu episódio? Preciso de uma opinião imparcial e sensata, pois este é um capítulo da minha vida completamente misturado de realidade e ficção.
Só sei que foi assim!