terça-feira, 22 de maio de 2012

Como vai a sua vida sentimental?

Recebi um e-mail tipo spam com a seguinte pergunta: “Como vai a sua vida sentimental?” Minha resposta foi uma deliciosa e espontânea gargalhada! Não me dei ao trabalho de ler o e-mail, mas a pergunta ficou aqui martelando em minha cabeça. Fiquei imaginando se fosse obrigada a respondê-la com uma lança contra meu peito. Todo mundo tem uma vida sentimental, mas ela não quer dizer necessariamente que estejamos envoltos num romance shakespereano, embora isso fosse o ideal, de acordo com a educação de 99,9% das fêmeas humanas. Na minha vida sentimental tem 3 pessoas únicas e indescritíveis: Isadora, Duda e Davi. Cada uma delas me provoca sentimentos distintos, mas um vínculo e um compromisso inabaláveis. São minhas mais maravilhosas montanhas russas de emoções, a quem dedico grande parte da minha energia amorosa, resguardando uma boa parte para mim mesma e uma parte um pouco menor para um amor romântico que estou por vivenciar. Sim! Eu acredito no amor romântico! Acredito naqueles casais que se encontram, se afinam, se combinam e querem estar perto um do outro por horas e horas e horas, como dizia Renato Russo. Até que essas horas virem dias, que se tornem anos e décadas... Tenho certeza que meu companheiro de bengalas está na espreita, me esperando no dobrar de alguma esquina. Ouso até sentir seu cheiro, ver seu sorriso e quase experimentar seu terapêutico abraço. Ah, mas o e-mail então quer saber DESSA vida sentimental? Posso falar antes da minha mãe e do meu pai? Minha mãe estava doente há tanto tempo, que já não lembrava o quanto era maravilhoso tê-la saudável por perto. E tem sido uma benção nossa convivência diária!( Somos vizinhas de condomínio). Meu pai é do jeito que é e eu o amo no “pacotão” completo: Qualidades e defeitos! Posso assegurar que são muito mais qualidades do que defeitos...(pelo menos como pai.) E o romance? Ah! Quero tudo! Quero cartas cheias de declarações, quero presente cafona de dia dos namorados, como cara-metade ou meia-aliança... Quero tempo disponível, quero meu celular cheio de torpedos e receber e-mails com poemas e letras de músicas que contem nossa estória... Quero muitos abraços, muito carinho, muitos beijos, tudo ao mesmo tempo. Tudo o tempo inteiro, pois enjoar de amar é para os tolos! Amor, quanto mais melhor! Quero um amor grudento, que tenha orgulho da minha liberdade e ame cada palavra que eu pronuncie. E as atitudes que ele eventualmente não ame, que me convença gentilmente, para que eu consiga evoluir com sua ajuda, por amor, jamais por medo de perdê-lo! O meu amor vai me fazer sorrir e, eventualmente, chorar, mas sempre lágrimas de emoção e prazer. Como vai a minha vida sentimental? Meu coração está cheio, cheio, transbordando de amor, por Deus, por mim e por todos que me cercam. Está absolutamente apto a receber um companheiro para o resto da vida. Só falto anunciar nos classificados!

domingo, 20 de maio de 2012

Além do Horizonte

Um dia você acorda e descobre que não pertence mais à vida que viveu ao longo da última década. Quão estranho isso pode ser? Dá um nó na garganta e uma sensação de luto, mas ao mesmo tempo uma certeza inabalável de que todo sacrifício vale à pena quando existe genuína disposição para o novo. É como se uma substância diferente corresse pelo seu sangue, capaz de fortalecer e fazer resistir à tentação de permanecer no passado. Os hábitos, os lugares, as pessoas... Tudo vai gradativamente ficando para trás, mesmo sem qualquer visão do que está por vir. A fé é esse dom incrível de seguir sua voz interior, ainda que só existam nuvens na sua frente, simplesmente pela certeza de que há um lindo arco-íris que iluminará seu caminho na hora certa, bastando para isso você confiar em si mesmo e seguir adiante.

sábado, 19 de maio de 2012

Tudo Sobre Minha Avó

Nasci em 1977, numa casa vizinha à casa de Dona Anayde, a muito amada e respeitada mãe do meu pai, Germino. Sua presença era diária, pela nossa proximidade. E eu adorava tê-la ao meu lado. Sempre tive fascínio pelo seu jeito mais sofisticado, sua elegância e até mesmo seu sotaque, que imito desde que comecei a falar, já que me recusei a pronunciar os “tis” e “dis” dos meus conterrâneos. Optei por ser baiana, como minha avó, e chamá-la carinhosamente de “Dindinha”, que era como todos os netos a chamavam. Acho que, mesmo sem perceber, minha prima Joana fez a mesma opção, de herdar algo de charmoso no jeito que nossa avó tinha de falar. Dindinha era admirável! Uma mulher forte, determinada, cheia de opinião e atitude. E assim formou, com seu exemplo, filhas, netas e bisnetas igualmente fascinantes. Com ela não conhecíamos submissão, dependência ou covardia. Nós duas tínhamos uma conexão especial, muitas vezes expressada numa simples troca de olhares. É fato que existia uma Anayde brava, que reclamava muito e que sabia ser ranzinza como poucos... Mas todos nós aprendemos a lidar com seu temperamento, e ela recebia o amor, o carinho e a atenção de todos os filhos. Comigo a conversa era outra... Adorava sentar e ouvi-la contar da sua vida, do seu passado, da sua história. Fui entendendo como as perdas foram tornando seu temperamento cada dia mais forte, mas nunca deixei de ver a sua doçura. Aprendi a ouvi-la sem julgá-la, compreendendo sua trajetória, sua melancolia e sua dor. Criamos laços fortes, até porque aprendi um segredo excelente para nosso diálogo funcionar: Concordava com tudo que ela dizia! Nunca cheguei em sua casa para não ser recebida por um enorme sorriso e um forte abraço. Perguntava pelos meus três filhos pelo nome, mesmo com nossas constantes ausências, pois a verdade é que com o tempo vamos deixando de dar atenção a quem realmente merece, ocupados demais com os afazeres do cotidiano. Nisso admiro especialmente tia Nega e tia Zeca, que se desdobravam entre suas próprias vidas e os cuidados com a minha avó. E tia Lilian, a mais carinhosa nora que uma sogra pode ter! Admiro meu pai e tio Góes, que não deixavam de visitá-la um domingo sequer, desde que me entendo por gente. E não estou desmerecendo a relação que cada filho tinha com ela. Como disse, ela teve o privilégio de ter o amor e a dedicação de todos eles, sem exceção. Eu adorava passar os finais de semana em sua casa. Adorava o carinho com que ela preparava uma linda e farta mesa de café-da-manhã, que é a minha refeição preferida. Adorava me sentar naquela cadeira de balanço de vime que ficava fixada ao teto, enquanto a admirava preenchendo caça-palavras ou cuidando do seu jardim. Guardo recordações maravilhosas do tempo que ela morou na Atalaia, bem perto da praia e de uma pracinha, onde passei boa parte da minha infância. Lá tínhamos festas todos os domingos, sem faltar um doce recheado de biscoito maisena que ela preparava com todo carinho pra gente. Minha avó era uma mulher consciente de suas qualidades e dos seus defeitos. Nos últimos anos dedicou-se com mais fervor à igreja católica, acompanhando a Canção Nova e revendo todos os seus atos. Buscava o amparo divino para suas dores, mágoas e frustrações. No início deste ano, já bastante debilitada, foi ao banheiro acompanhada de sua filha, Maria Angélica. Olhou pra mim e disse: -Já pensou? Dando esse trabalho todo para os outros? Quando respondi: -Você merece, Dindinha! Ela olhou para a filha pausada e pesadamente, depois me olhou e balançou a cabeça em negativa. - Não mereço não! Fiquei comovida com sua humildade e certa de que ali Deus estava expiando todos os seus pecados e pronto para recebê-la no reino dos céus. Minha admiração por ela só aumentou, assim como meu amor. Para me despedir, vou fazer minhas as palavras do Padre Fábio de Melo: “Eu gostaria de lhe agradecer, Dindinha, pelas inúmeras vezes que você me enxergou melhor do que eu sou. Pela sua capacidade de me olhar devagar, já que nessa vida muita gente já me olhou depressa demais.” Com Amor, Karine