sexta-feira, 26 de julho de 2013

O gay ao seu lado

Atenção senhoras e senhores, está no ar a nova temporada da série João que amava Teresa, que amava Marco, que amava Lúcia, que amava Pedro, que amava...João.
Você, mulher, já deve ter se visto numa daquelas enquetes: "Você preferia que seu namorado lhe traísse com outra mulher ou com um homem?" A vida inteira respondi a segunda opção sem pestanejar! E argumentava: Ora, se o cara tem outros interesses que eu não posso satisfazer, o problema não está comigo. Traição com uma mulher me faria me sentir muito pior. Porque dá para estabelecer uma comparação, enquanto que com um homem...
E segui firme acreditando nessa minha balela quase uma vida inteira. Coisa de quem nunca foi de sentimentos muito intensos, apesar de enganar muito bem, obrigada. (Ossos do ofício)
Um belo dia, num reino não tão distante, lá estava eu admirada com o objeto dos meus mais românticos sonhos cor de rosa, tentando afinar um diálogo que já fluiu muito fácil, mas hoje está mais para duelo, tantas as farpas trocadas por todos os dias vividos e, principalmente, pelas noites não vividas. Espetadinha para um lado, indireta para o outro, avisto um amiguinho do meu príncipe desencantado acenando de longe, quase infartando por todo o tempo que estava sendo desperdiçado numa conversa inútil entre esta loirinha e o que agora sei ser um "bofe escândalo magia".
Como descrever o sentimento? Suspirei forte e controlada, como sempre procuro ser e dei a dica: "Seu amigo está lhe chamando." Desapareci, derretendo no chão, como os bailarinos da Madonna na turnê Hard Candy. Pra que raios mulher precisa ter um instinto tão apurado? Saquei na hora que aquele aceno nervoso não era de companheiros de balada e pela primeira vez me vi na ridícula situação de estar "disputando" um homem com outro. Claro que não sou dada a essas competições. Aliás, sou vaidosa demais para disputar por alguém. Quem quiser que chegue a mim! Mas tinha que mexer com meu brinquedo preferido? Eu daria uma penca de homens mais bonitos, interessantes, sociáveis e bem resolvidos para aquela bichinha ciumenta dos infernos! Vá com todos eles e deixe esse defeituoso aqui pra mim!
Mas e se o defeituoso na verdade gostar mais de meninos do que de meninas?
Então aí veio a luz! Não! Eu não preferia ser trocada por outro homem!
Eu preferia que ele passasse por 3 casamentos, com três esposas diferentes, cada um durando mais ou menos 10 anos, sabendo que ao fim de 30 anos a gente poderia se reencontrar e se entender.
Eu não gosto da ideia de pensar que nunca vou ser homem, pois quem me conhece sabe que estou loooonge de qualquer padrão masculinizado. E não sendo homem, bom, não sendo homem nunca vou me encaixar no ideal de relacionamento do cara.
Mas tudo isso é obra da minha imaginação, baseada em desencontros reais. Só para dizer que quando te perguntarem,sempre responda: "Se eu gostar de verdade de alguém, prefiro não ser trocada. E ponto."

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Nunca Fomos Amigos



Não. Nós não somos amigos. Quando diziam que sua "amizade" era movida por interesse, achava aquilo tão óbvio! Toda amizade é movida por interesse. Eu adorava sua companhia e supunha que você também adorava a minha. Interesses satisfeitos. Interesses do bem. Foram anos e anos escolhendo as palavras para dizer apenas aquilo que você suportasse ouvir. Muitas vezes sufocando minhas decepções e mágoas. Engolindo sapos e tentando relevar, num voto de confiança ao que acreditava ser uma falta de noção, sem maldade.
Às vezes passamos tempo demais ao lado de alguém. Às vezes esse alguém nos vê como lembrança de um passado que deveria ser superado.
Vejo as pessoas que me acompanharam nos meus momentos de difuldade com gratidão e carinho, mas hoje entendo que nem todos pensam e sentem como eu. Você queria exorcizar seu passado inglório e, numa relação de amor e ódio, virei o vudu espetado que personificava suas piores lembranças.
Foram anos e anos tomando agulhadas, com anestesias de sorrisos e carinhos.
Tem coisas que não têm remendo. A realidade sobrepõe conversas, discussões e especialmente falsas conciliações. Valores antagônicos. Escalas de prioridades inversamente proporcionais.
Sou feita de emoções. Sentimentos de traição, abandono, descarte sem qualquer explicação. Mas hoje ficou o óbvio: Não somos. Não seremos. Nunca fomos amigos.