terça-feira, 8 de setembro de 2015

A paixão é um detalhe

"Você acha que ela está apaixonada?" Assim começou a nossa conversa sobre uma amiga em comum. "Que pergunta complexa que você está me fazendo!" Respondi realmente refletindo sobre o quanto é difícil rotular numa só palavra o milhão de sentimentos que aproximam duas pessoas. E então, como me é de costume, quis contextualizar tudo, ao invés de simplificar objetivamente, com o sim ou não esperados no nosso mundo corrido.
Ela (nossa amiga) estava cansada, cheia de marcas dos relacionamentos anteriores. E sofrendo daquela rejeição lenta e cruel provocada pelos rolos. Rolos, para os desavisados, são os relacionamentos que nem existem, nem inexistem. Aqueles que lhe induzem ao envolvimento, mas são armadilhas com todas as omissões que a falta de compromisso dão direito.
Enfim, não é novidade que todo mundo dá muita cabeçada até encontrar um par que lhe permita sentir um pouco de paz. E minha amiga, musculosa de tanto nadar contra a corrente, estava experimentando dias de calmaria.
Como não se apaixonar? Apaixonar-se, na verdade, tem muito mais a ver com nosso estado de espírito do que com o suposto objeto da paixão.
É maravilhoso quando nos abrimos para o bem, para o bom da vida.
É ter uma música tema com nosso afeto, ter lembranças de encontros simples, mas muito marcantes. É dividir uma taça de vinho e muitas trocas de olhares, com profundo desejo.
"Mas você não acha que ela vai se machucar?" Vai sim!! Ela já se machucou muito, antes dele e até mesmo com ele, cada vez que as atitudes o afastaram da imagem de homem ideal que ele quis projetar e ela (vorazmente) quis aceitar, pois também estava projetando a mulher ideal.
Mas, nos dias seguintes, ela acordou e ele estava lá ao seu lado. Tem demonstração maior de afeto do que todo um mundo de ilusões desmoronar sobre suas cabeças e nos dias seguintes vocês juntos limparem os escombros e reconstruírem um mundo ainda melhor?
E é muito chato saber que temos um MEDO enorme de nos apaixonarmos, um MEDO enorme que nossos amigos se apaixonem, porque temos sempre a sensação de que as coisas não vão acabar bem.
A mim não interessa como as coisas vão acabar. Bom mesmo é entregar-se ao prazer do caminho. Então acho que a melhor resposta é: "Sei lá se ela está apaixonada! O que sei é que ela está gostando um pouco mais da vida!"