terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sua vida não está boa. Você não é quem acredita ser.

Poderíamos ter uma longa conversa , se nos conhecêssemos.

Começaríamos estabelecendo duas premissas: Sua vida não está boa. Você não é quem acredita ser.

Tenho raiva de você. Não porque você me fez ou me faça algum mal, mas pelo mal que você faz à liberdade duramente conquistada pelas mulheres.

Pelo mal que você faz a você mesma.

Porque você lê tanta coisa bacana, teoriza tão bem, diria até que tinha certa intimidade com os textos da Simone de Beauvoir antes deste final-de-semana...

Mas você não compreende a identidade da mulher. Você não compreende sua identidade e o seu papel.

Você reclama dos malefícios da tecnologia, mas tenta controlar cada segundo da vida do seu namorado, ligando, mandando mensagens, marcando território nas redes socias, olhando qual foi o último horário que ele entrou no whatsapp.

Vamos começar de novo?

Você tenta controlar cada segundo da vida do seu namorado.

Que tipo de vida tem alguém que prefere desperdiçar seus minutos fiscalizando a vida alheia?

"Ah! Mas o cara sempre foi um galinha. Traiu todas as namoradas que teve" Você diria em sua defesa.

Primeira pergunta: Por que mesmo você decidiu se envolver seriamente com alguém cujo currículo sentimental lhe apavora?

Segunda e mais importante: Você acredita mesmo que sua "marcação homem a homem" é a solução para esse "probleminha"?

Já imaginou que cada hora que você passa tentando descobrir o que ele está fazendo quando não está com você, é uma hora que você poderia estar dando gargalhadas com os amigos, lendo um novo livro, descobrindo uma nova música, planejando uma viagem, cuidando melhor da sua saúde, trabalhando com mais tesão ou levando a sério uma sessão de terapia?

Que tal parar de sentir pena de si mesma e mudar de atitude?

Você não precisa desse ou de qualquer homem que seja para ser feliz. Não digo para deixá-lo. Apenas para deixá-lo em paz e assim, talvez, começar também a se sentir mais em paz.

Entende que isso contradiz sua literatura de bolso?

Sua vida não pode perder o sentido se vocês se separarem! Sua vida já está sem sentido, por você dedicar tanto tempo a alguém que não lhe inspira confiança.

Você não precisa confiar no outro, basta confiar que só fica perto de você quem quer estar perto de você.

E aí você decide se a qualidade do "estar perto" lhe satisfaz ou não.

Chantagem emocional? Ameaça de suicídio?

Lindinha, você não poderia estar mais desconectada de si mesma e, assim, menos atraente para quem quer que seja.

E você é muito bonita.Você é muito inteligente. Tem potencial para ser muito interessante quando crescer.

Quando você crescer, aprenderá a se agradar acima de qualquer coisa. Conhecer-se, bastar-se e, mais que tudo, respeitar-se.

Por enquanto, queria que você parasse de berrar, gritar, espernear. Porque isso só lhe machuca ainda mais. Só lhe afasta da felicidade que jamais estará em outro lugar, que não dentro de você, por mais clichê que pareça.

Vamos combinar que você tem sido muito chata? São tantas coisas pra dizer! Não me interprete mal. Não quero ser ofensiva, mas veja bem: Surtos de posse não são provas de amor! Você engana um ou outro que esteja no escuro, como você. Que deseje acreditar que seu desespero é amor, por estar preso ao próprio desespero. Preciso dizer que isso não tem como funcionar?

Surtos, como episódios de desorganização que são, demonstram apenas desequilíbrio psíquico.

Olha a bagunça que você está fazendo ao seu redor! Olha as bagunças onde você se permite estar!

Posso pedir para você desejar uma vida melhor pra você? Mesmo assim sem a gente se conhecer?

Posso torcer que você se espelhe nas mulheres fortes que você diz admirar?

Vou vibrar quando isso acontecer! Vou vibrar quando seus olhos brilharem pelo sol que nasce todos os dias e não pela aprovação de um homem ou de quem quer que seja.

Poderíamos ter uma longa conversa, se você entendesse onde estão os problemas.









sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Os Donos da Razão


Sempre analiso o comportamento das pessoas mais lógicas. Aquelas para quem todas as coisas devem ser preto no branco.

Confesso que muitas vezes admiro essa objetividade, que me é tão distante, pois que, com minhas lentes de arco-íris, me ponho a abraçar todas as variações, nuances e tons de cada cor.

Tenho uma amiga/irmã, como maior representante da categoria “não tenho tempo a perder”.

Somos a razão e a sensibilidade.

Ela, que coleciona vitórias e conquistas, tem uma equação para cada momento que vive.

Eu, romântica incorrigível, que coleciono vitórias e conquistas, tenho uma explicação analítica para cada momento que vivo.

Não viveria sem essa amiga e sei que ela penaria sem mim, afinal nossas visões tão opostas do mundo servem para nos temperarmos mutuamente.

Ela põe meus pés no chão. Eu a levo para voar comigo nas nuvens.

Defendido todo meu respeito pelos excessivamente racionais, seguem minhas críticas, que não são nada além da minha forma de tentar compreender do único jeito que aprendi: Compreender com o coração.

Se você tem uma valiosa ligação afetiva com determinada pessoa, fica sensível aos apelos emocionais dela.

Cria-se uma conexão, que vai muito além de uma necessidade de recompensa, pois a ligação em si já é o maior prêmio.

Fico com a sensação de que alguns procuram vantagem em tudo, inclusive nas relações pessoais. E só abraçam àquelas que lhes oferecem grandes proveitos. Proveitos imediatos.

Às vezes, pelo coração, me submeto a esperas aparentemente intermináveis. A espera propriamente é prazerosa? Claro que não!

Só que meu sistema límbico (será defeituoso?) fica excitado apenas pelo rumor de que determinada coisa irá acontecer. E isso já me proporciona ótimos sentimentos, mesmo que não faça o menor sentido para todos que me cercam.

E nem venham tripudiar sobre meu jeito sonhador de ser, como se as emoções fossem o bode expiatório de todas as más decisões já tomadas em nossas vidas!

Sei de bilhões de relatos de pessoas arrependidas por não terem seguido seus corações.

Essa semana ouvi uns três. E eles vêm das mesmas pessoas que sempre acreditaram que as emoções não são confiáveis.

Hoje sentem falta de coisas que não se permitiram ter.

Quantas vezes usamos a estratégia de racionalizar simplesmente para não encarar os problemas de frente? Criamos desculpas racionais para nossas dificuldades emocionais.

Criamos boas razões, quando deveríamos apenas encontrá-las, se existissem.

Fico de longe observando pensamentos elaborados se construírem.

São edifícios que, muitas vezes, se desmoronam com um sorriso, um olhar...

No fim das contas, não importa se nossas decisões são pautadas pela razão ou pela emoção, sempre haverá um frio na barriga diante do salto no escuro que é fazer uma escolha.

Só quando nos tornamos nosso futuro é que sabemos que cara ele tem.


sábado, 3 de outubro de 2015

Se você conseguisse digerir o amor

Se você conseguisse digerir o amor, poderia convertê-lo em substâncias passíveis de absorção, inundando cada célula do seu corpo de uma energia incomparável, dando ao seu organismo um ânimo que seu sono quebrado (o sono dos que não se permitem)jamais conseguiu.

Ah! Se seu corpo aceitasse o amor!

Tantos novos sabores permeariam sua dieta cada vez mais restrita. Essas restrições que a gente se obriga, pela idade, por consciência, ou por total falta de juízo.

O amor não tem contra indicação. Ao contrário do que você pensa, ele não tem o menor potencial destrutivo.

É incapaz de causar dor. O amor não machuca, nossos mecanismos de defesa contra ele é que estragam tudo. Ele amortiza qualquer dor. Faz suaves os tombos mais fortes.

O amor é capaz de transformar angústia em serenidade, explosão em tolerância, ansiedade em paciência.

Paciência como substância absorvida na digestão do amor. Não se é fleumático por não se desesperar no amor. Ao contrário. Aquele que aceita e digere o amor potencializa sua capacidade de absorver sentimentos. Abre os braços e os recebe todos, um a um. Os bons e os ruins.

Compreende que todos acontecerão, muitas vezes ao mesmo tempo, mas como existe um amor digerido, um amor que se transformou nas mais variadas substâncias que saciaram sua alma...

Ah! Se você conseguisse digerir o amor...


terça-feira, 8 de setembro de 2015

A paixão é um detalhe

"Você acha que ela está apaixonada?" Assim começou a nossa conversa sobre uma amiga em comum. "Que pergunta complexa que você está me fazendo!" Respondi realmente refletindo sobre o quanto é difícil rotular numa só palavra o milhão de sentimentos que aproximam duas pessoas. E então, como me é de costume, quis contextualizar tudo, ao invés de simplificar objetivamente, com o sim ou não esperados no nosso mundo corrido.
Ela (nossa amiga) estava cansada, cheia de marcas dos relacionamentos anteriores. E sofrendo daquela rejeição lenta e cruel provocada pelos rolos. Rolos, para os desavisados, são os relacionamentos que nem existem, nem inexistem. Aqueles que lhe induzem ao envolvimento, mas são armadilhas com todas as omissões que a falta de compromisso dão direito.
Enfim, não é novidade que todo mundo dá muita cabeçada até encontrar um par que lhe permita sentir um pouco de paz. E minha amiga, musculosa de tanto nadar contra a corrente, estava experimentando dias de calmaria.
Como não se apaixonar? Apaixonar-se, na verdade, tem muito mais a ver com nosso estado de espírito do que com o suposto objeto da paixão.
É maravilhoso quando nos abrimos para o bem, para o bom da vida.
É ter uma música tema com nosso afeto, ter lembranças de encontros simples, mas muito marcantes. É dividir uma taça de vinho e muitas trocas de olhares, com profundo desejo.
"Mas você não acha que ela vai se machucar?" Vai sim!! Ela já se machucou muito, antes dele e até mesmo com ele, cada vez que as atitudes o afastaram da imagem de homem ideal que ele quis projetar e ela (vorazmente) quis aceitar, pois também estava projetando a mulher ideal.
Mas, nos dias seguintes, ela acordou e ele estava lá ao seu lado. Tem demonstração maior de afeto do que todo um mundo de ilusões desmoronar sobre suas cabeças e nos dias seguintes vocês juntos limparem os escombros e reconstruírem um mundo ainda melhor?
E é muito chato saber que temos um MEDO enorme de nos apaixonarmos, um MEDO enorme que nossos amigos se apaixonem, porque temos sempre a sensação de que as coisas não vão acabar bem.
A mim não interessa como as coisas vão acabar. Bom mesmo é entregar-se ao prazer do caminho. Então acho que a melhor resposta é: "Sei lá se ela está apaixonada! O que sei é que ela está gostando um pouco mais da vida!"

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Preciso dizer que te amo (e que voltei)

A gente tem uma mania esquisita de ler algumas frases de efeito e adotá-las como grandes verdades.
Talvez a única frase de efeito 100% confiável: Não existem grandes verdades!
Quando se trata de relações interpessoais então...Esqueça qualquer fórmula que indique certo e errado. Esqueça todos os conselhos de revistas, livros ou sites!
As pessoas não se afastam porque não se interessam por você. Existem um zilhão de circunstâncias que podem gerar esse afastamento e elas não têm necessariamente relação com afeto.
Existem pessoas que me são tão caras, tão caras, mas não estão no meu convívio há muito tempo.
Meu primo Beto; minhas amigas de Frei Paulo, Mônica e Brevelice; meu amigo Beto Kolb (sim, tenho muitos Beto amores); Andressa Spoladore; Jamones; Pablo; Karl; Tají; Ludwig, Max e Laurinho; Isa Mutti; Fátima (Fati Girl); Renata Abreu; Anderson (Topos); Sasha, Marina e Vanessa Caskey; Nailah; Albérico; minha prima Ivana, meus ex-técnicos Felipe e Marcio Porto; Fabinho, que não sei nem o sobrenome, mas foi um grande amigo na época do Colégio Dinâmico (acho que o único que sabia a diferença entre o mito e o poço de inseguranças real); Juliano Facury, Fábio Feio (que nunca foi feio) e Nicole; Lu, Karlinha, Cris, Adri; seu João Carlos (um senhor idoso que morava em frente ao Rio Poxim, alí quase ao lado do corno velho, sem qualquer criança em casa, apenas ele e a esposa, mas eu sempre pedia aos meus pais para ir passar os finais-de-semana com ele); Vich; Midiã e Gladston, e nossas mil brincadeiras enquanto nossos pais se reuniam...
Minha memória pode não mostrar todos os nomes agora, mas são pessoas que fazem parte da minha história, sem as quais eu não teria tantas lembranças felizes.
O que dizer de Alessandra, Katiane e Lea? Será que há 25 anos imaginaríamos um dia sequer que não estivéssemos grudadas?
Mas esses pouco mais de 20 anos se passaram (Sim, Lea, eu que tanto critiquei você denunciando nossas idades, estou aqui documentando e publicando) e essas pessoas nunca, jamais, nem por um instante, foram menos em meu coração.
Tive a felicidade de reunir essas "meninas" há alguns dias.
Você pode estar se perguntando: Mas como é que passou mais de 20 anos sem encontrar com alguém e de repente liga e marca um almoço?
A fórmula é fácil: Você descobre o telefone da pessoa, liga e marca um almoço.
Ah! E tenha certeza que vai haver alguma resistência. Agendas difíceis de conciliar. Não se dê por vencido! Insista e marque de qualquer jeito!!!
E não marque para o mês que vem ou para o próximo semestre. Marque para daqui a dois dias. Marque para amanhã. Quantos dias de vida nos restam?
Nesse encontro pude quebrar esse preconceito de que a gente se afasta de quem não é mais importante em nossa vida. A gente não tem tanto controle assim das circunstâncias!
E foi lindo! Nós entramos numa máquina do tempo e conversamos como se tivéssemos 16 anos de idade. E rimos de nós mesmas. E celebramos todas as desgraças que nos acometeram nos anos que estivemos separadas, com as quais, concluímos, nos transformamos em pessoas mais fortes e mais interessantes.
E nunca vou cansar de brindar ao amor fraterno!
Há muito tempo não escrevia aqui, afinal, em tempos de redes sociais e caracteres limitados, quem para pra ler textos mais longos?
Aí Lea me ligou e me disse que no decorrer desses anos sempre lia e lembrava das nossas trocas de bilhetinhos e agendas durante as aulas.
E disse que leu uma postagem minha sobre Cazuza. E é claro que foi Lea quem despertou meus olhos e meus ouvidos para ele. Então é claro que naquele momento escrevi pensando nela.
E de alguam forma estávamos nos comunicando.
E é por isso que estou de volta.
E preciso dizer que te amo, Lea Maria. E amo demais cada uma dessas pessoas que mencionei.