segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Mãe em primeiro dia de aula do filho. Método Tradicional ou Construtivista?

Ser mãe de gerações diversas é um desafio indescritivelmente difícil. Minhas grandonas já estão na deliciosa fase universitária, que, ao meu ver, é o início dos melhores anos da juventude.

Meu caçula ainda está trilhando seus primeiros passos.

Estudou numa escola relativamente nova na cidade, método construtivista.

Pra quem não sabe, o método educacional construtivista foi idealizado pelo biólogo suíço Jean Piaget.

Segundo Piaget, o pensamento da criança passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

Assim, nossos filhos constroem o conhecimento a partir de suas descobertas, quando em contato com o mundo e com os objetos.

Observa-se atentamente para que o conteúdo só seja passado ao aluno quando ele tem condições intelectuais de absorver.

Ou seja, o trabalho de educar não se limita a transmitir conteúdos, mas a favorecer a atividade mental do aluno.

Importa não apenas assimilar conceitos, mas também gerar questionamentos, ampliar as ideias.

No método construtivista o foco é o aluno e suas operações mentais.

Você percebe o respeito a cada aluno individualmente, com muito mais clareza, pois o professor observa-o, investiga quais são os seus conhecimentos prévios, seus interesses e, a partir dessa bagagem, procura apresentar diversos elementos para que ele construa seu próprio conhecimento.

Ou seja, o professor cria situações para que o aluno chegue ao conhecimento.

Ele cresceu com autonomia, interagindo com o meio, com idéias próprias e capaz de criar, com uma visão particular do mundo.


Ainda assim, tinha muita gente próxima que me dizia para ter cuidado com isso, pois o mundo ainda cobrava uma educação mais formal.

Atenta ao conselho dos meus bem sucedidos amigos e familiares, experimentei colocá-lo numa escola tradicional no ano passado. Infeliz escolha!

Meu filho, ao entrar na escola todas as manhãs, parecia um boi em meio a uma manada a ser abatida.

E não era um choque por não acompanhar o método. Ao contrário, era o primeiro a terminar todas as atividades e sempre me reclamava que "já sabia tudo que a tia estava ensinando".


Na escola tradicional, chegando alfabetizado e com ótimas noções de matemática, meu filho foi tratado como garoto problema, pois destoava do todo (ainda que por ter um desenvolvimento acima da média), num ambiente cuja visão é coletiva. Os alunos integram uma turma e a aula é uniforme para aquela turma.

Meu pequeno, acostumado a absorver conhecimento vivenciando e experimentado, se viu por horas a fio sentando imóvel numa cadeira, olhando fixo para um quadro, enquanto uma professora falava sem parar.

Conversando com a coordenação, ouvi que o conhecimento dele estava muito acima dos demais colegas, o que me fez ter certeza que o método construtivista funcionava muito bem, pelo menos para uma criança com seu perfil.

Meu primeiro impulso foi tirá-lo imediatamente (no segundo mês de aula, quando sua infelicidade só aumentava). Fui aconselhada pelo psicólogo infantil (que teve que começar a acompanhá-lo) a aguardar até o final do ano letivo.

Enquanto isso, claro, fiz de tudo para que ele se sentisse mais confortável naquele ambiente tão distante do modo como ele vê, sente e experimenta o mundo.

Fiz amizade com as mães, fiz várias festinhas e noites do pijama na nossa casa, para que ele se enturmasse.

Esperto como ele só, criou laços de amizade belíssimos, mas dissociava-os completamente da sua relação com a escola.

No final do ano o levei para visitar o lugar onde meu coração de mãe sempre achou que ele deveria estudar.

Radiante, ele mesmo tratou de anunciar a todos a tão esperada mudança.

Cheguei a perguntar: -Filho, mas e Otávio de Diogo (os amigos de quem ele mais se aproximou)?

-Mamãe, já sei o telefone e onde eles moram! (Falou do alto dos seus sábios 6 anos de idade)

Hoje foi o tão aguardado primeiro dia de aula.

Imaginei que seria dia de festa e empolgação, mas criança por acaso entende que vai voltar a viver o método com o qual tanto se identificou?

Ele estava apavorado. Demorou para largar minha mão. Sua carinha de assustado quase me arrancou lágrimas (que segurei para não assustá-lo mais ainda).

Mãe quer ver seu filho empolgado e, acima de tudo, muito feliz, não é?

Bom, ainda não foi nesse primeiro contato.

Dizem que gato escaldado tem medo de água fria, então acho que meu menino está apreensivo para não viver nada de ruim que experimentou em 2015. Apreensivo por não conhecer ninguém e assim temendo não conseguir se enturmar...

Os medos agora são outros, mas minha intuição diz que agora ele vai se encontrar.

Feliz ano letivo para todas as crianças e muita força para todas as mamães que entregam seus maiores tesouros nas mãos dessas instituições de ensino.

Um comentário:

  1. Ahhh que leitura pertinente! Bem fez você em me avisar embora eu já a fosse ler porque doida ehamae.blogspot já se tornou favorito em meu histórico! Já trabalhei como professora em escola construtivista há mais de 15 anos atrás, quando Piaget ainda era pouquíssimo conhecido. Não tenho dúvidas que para alguns perfis de crianças seja a melhor maneira de assimilar conhecimento! Gui esse ano também vai mudar de escola. De uma pequena para uma maior. De uma que ele se sentia mais preso para uma que na vivência se sentiu a vontade, lindo demais! Tenho certeza que os primeiros dias serão tensos de Qq forma! O novo assusta! Como não? Mas tenho fé de que em breve estaremos comentando da felicidade na mudança que escolhemos! :)

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