quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Fantástico Mundo dos Divorciados

A vida secreta dos que não são nem casados, nem solteiros.





Andréa Góes, brasileira, escritora, advogada, bailarina , estado civil: Divorciada.

Escrevo em nome de uma classe meio anônima, circulando desengonçada entre casados e solteiros. Uma classe silenciosa, que vira e mexe tenta se disfarçar de muito disponível, mas, convenhamos, não conseguem enganar ninguém!

Sou uma mulher romântica. Até demais, diriam os mais próximos, então se puder escolher entre estar livre, leve e solta ou amarrada a um príncipe encantado, não penso duas vezes! Tem coisa melhor do que amar e ser amada?

Agora vamos deixar claro uma coisa: Amarrada a um Príncipe Encantado, não a um sapo arrotando grosserias, um galinha de marca maior, um porco, um cavalo ou qualquer troglodita de zoológico.

Ex-maridos, não se desesperem! Não é de vocês que estou falando! Estou falando genericamente em ter uma relação predominantemente boa ou predominante ruim.

Meus dois casamentos tiveram momentos muito, muito bons (ambos abastecidos com um imenso amor), tanto que duraram muitos anos.

Mas chegou um momento que a roda da fortuna girou e lá se foram os encantos capazes de manter unidos dois seres de formação, educação e cultura tão diferentes.

Conviver é sempre difícil e quando o casal começa a acreditar que está tudo muito chato e complicado, aí o caldo entorna mesmo!

Assim nascem os conhecidos, mas pouco aberto publicamente, divórcios.

Somos seres meio perdidos, numa sociedade que sempre busca rótulos. Somos ex-maridos e ex-mulheres. Fazíamos parte de uma turma de amigos que não sabe como administrar entre estar com uma ou com a outra parte da separação, Aos poucos vamos nos “desenturmando”, pois somos vistos como influência negativa à sacrossanta instituição familiar.

E querem saber de uma coisa? Quando isso acontece, temos dois caminhos: Um é nos vitimizarmos, lamentando pelas inevitáveis mudanças provocadas, já que o mundo muda quando nos transformamos. O outro é ver isso como uma oportunidade de criar um jeito novo e ainda melhor de viver.

Tudo bem que tem divorciado(a) que exagera e tira de garotinho(a), desde a adoção de um guarda-roupas excessivamente jovial, à inclusão forçada na turma dos recém-saídos da adolescência. O pior é que eles ainda querem sair paquerando nessa turma, sem ter a menor noção do ridículo. Aí aprendem lá na frente, quando os “jovens” não tem paciência com as questões do mundo adulto, como despesas extraordinárias que impedem de passarmos o carnaval em Salvador, febre alta dos filhos que nos exclui imediatamente da balada mais comentada do momento ou simplesmente o fato de termos que dormir 8 horas por dia para produzir decentemente no trabalho que, afinal, é nosso sustento.

A essa altura vocês devem estar pensando em se manter solteiros ou então agarrados a um matrimônio a qualquer preço, mesmo que estejam vivendo um inferno em casa, então fica o registro do que tem de melhor e de pior:

Por mais que você estivesse em conflito com o seu par, você vai passar ainda algum tempo estranhando a ausência física.

Vai deitar na sua cama e desejar que aquela pessoa esteja ali com você.

Só que você vai se libertar daquela guerra diária e isso já é um alívio sem precedentes... Eu, por exemplo, passei meses dormindo desesperadamente depois do divórcio. Meu corpo pedia e enfim encontrava um pouco de paz!

Com o tempo você vai aprendendo que não é aquela pessoa que você quer na sua cama, mas a lembrança que você tem de quando vocês viviam bem. À medida que vai tomando consciência de que o passado não volta, vai se espalhando cada vez mais pelo colchão, até chegar ao ponto de questionar se um dia conseguirá novamente dividir esse espaço com outra pessoa!

Lembra das brigas terríveis porque você quer sair e ele não quer? Ou porque você quer passar o dia dormindo e ela quer almoçar com a mãe? Ou porque você quer sushi e ele pizza?

Agora sua agenda é só sua! Não tem mais programa de índio! Não tem mais ficar em casa forçada, quando tudo que você queria era passar o dia surfando!

No meu primeiro casamento eu queria acordar tarde nos finais-de-semana e meu ex-marido passava a manhã com as crianças visitando as avós. Que coração de ouro daquele homem! Mas imaginem a raiva que o pobre devia sentir de mim na época? Era minha realidade: Crianças pequenas, estágio, faculdade...Qualquer tempo livre eu só pensava em descansar!!

Já no segundo casamento era eu que acordava cheia de energia, forçada a esperar pelo dorminhoco do meu lado, que se pudesse só levantada 3 da tarde. Rotina puxada durante a semana também! Escrevendo assim até parece que compreendo, mas no dia à dia achava um saco!

De repente percebi o sabor de não ter que esperar por ninguém: É bom! É bom demais!

Sair de casa é sempre uma aventura! É rir de mim mesma quando me meto numa roubada! É curtir o momento sem medo de estar desagradando ou de estar “desconquistando” meu acompanhante. Não ter medo de ser ridícula, por absoluta falta de testemunha aos possíveis "king kongs".

É ficar num lugar até a hora que quiser, sem ficar com raiva porque cortaram meu barato no melhor da festa, ou “p” da vida porque tenho que adiar meu sono indefinidamente...

É ser apresentada toda hora a pessoas que “têm tudo a ver com você” ( só que não) porque seus amigos acreditam que você precisa amar de novo urgentemente, mas com isso ampliar seu leque de amizades.

Ser divorciado é dar a tranquilidade para seus filhos de um lar sem conflitos. Mais do que isso: É ensina-los que nada é para sempre, a não ser nosso desejo de ser feliz.

É assistir o que quiser na televisão ou desligá-la em pleno noticiário para ouvir música bem alto. É às vezes nossa primeira oportunidade de nos conhecermos de verdade.

Cinderela do jeito que sempre fui, não demora para ter rodízio de príncipes fazendo serenata sob minha torre, mas vou contar um segredo pra vocês: Para conquistar um espaço nessa nova vida tem que me fazer mais feliz do que estou aprendendo a ser. Garanto que não vai ser fácil, pois o melhor de ser divorciado é descobrir que a gente se basta pra caramba!

Read more: http://www.universaldigest.com/article/lng/14/sn/por/user/andreakarine/a/485/mc/16/sc/40/date/2012-02-01/category/estilodevida/sub/relacionamento/headline/o_fantastico_mundo_dos_divorciados/#ixzz2TNDBdJiV

terça-feira, 7 de maio de 2013

Somos Tão Jovens, o filme que poderia ter sido.




Missão ingrata assistir um filme sobre Rentato Russo após ter assistido a montagem teatral com o ator Bruce Gomlevsky. Fui de coração aberto e até feliz porque reviver essa história é sempre algo emocionante. O problema é comparar.
Porque no quesito emoção, meu Deus! Aquele Bruno só podia receber o espírito do Renato quando as cortinas se abriam. A plateia não lacrimeja os olhos de emoção. A plateia inteira chorava em transe, compulsivamente, chorava de soluçar. Não só você e eu que somos pessoas extremamente sensíveis. Desafio alguém que tenha ido ao teatro vê-lo e não tenha chorando mais que bebê faminto.
O filme tem uma magia que o teatro não comporta, por questões óbvias. As locações nas quadras de Brasília. Adoro ver aqueles prédios que a gente só encontra alí. Tem a Aninha, que é a coisa mais fofa do mundo. E como já fui Aninha nessa vida! Tem Taguatinga com um glamour fora da realidade, mas Faroeste Caboclo merecia esse tom especial!
O irmão do Zezé de Camarco se esforça na atuação, mas não chega à entrega sobrehumana do Daniel de Oliveira em Cazuza,o tempo não para, por exemplo.
Não quero ser injusta! O filme tem muita coisa bacana, como a voz divertidíssima de um Herbert Viana garotão, mas...
Bem, vale à pena matar as saudedes do que passamos e de tudo que ainda não vimos. No mais, o filme seria ótimo, se não tivesse existido A PEÇA.



(Bruce Gomlevsky )

domingo, 5 de maio de 2013

Amores e Frases Feitas

Há basicamente três tipos de mulher que conheço bem: As com pós doutorado em contos de fadas (categoria onde humildemente me encaixo), as que desenvolvem uma vida independente, abstraindo/sublimando a energia sexual das suas vidas e aquelas que têm um forte discurso sobre o quanto a mulher pode se bastar, o quanto é ótimo ser solteira, o quanto homens (desculpem, amigas lésbicas, estou partindo das minhas referências) não fazem a menor falta em suas vidas, etc, etc. Nos três perfis existem várias gradações: Mais uma vez vou me usar como exemplo (muito mais para não expor terceiros do que por egocentrismo): Acredito no amor entre homem e mulher. Acredito mesmo. Putz! Eu sei que a maioria dos casamentos é muito ruim. Acompanhei dois bem de perto e pedi pra sair da brincadeira. Então não sou aquela Cinderela desesperada pelo primeiro príncipe que, ao invés de comprar um presente lindo, cumpre seu dever cívico de devolver o sapato à verdadeira dona. Também não me encanto com cantadas estilo "Dia Branco" do Geraldo Azevedo, quando o cara promete tudo, desde que tudo caia de bandeja no colo dele: O sol, se o sol sair, a chuva, se chuva cair... Acho que um pouco de esforço e iniciativa fazem a gente se sentir mais prestigiada e passa a impressão de que estamos numa relação importante de fato. Gosto de relevância, de protagonismo, de pequenos grandes gestos. E sempre, sempre, sempre, acontença o que acontecer, acredito que um dia viverei meu amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. Cazuza enfiou isso na minha cabeça e virou ideia fixa mesmo! Só que me dei conta de uma coisa: Há muita contradiçlão nesses papéis. No fim das contas eu saio para me divertir com meus amigos e não olho para o lado. Curto o momento e a companhia de cada um deles. Sempre preocupada em trocar ideias, em conhecer pessoas e saber o que elas pensam e como sentem o mundo. Busco conexões, afinidades ou mesmo opostos, por pura diversão. Não ando com uma rede de pesca nas mãos. Na verdade não ando nem com lentes de contato ou óculos para facilitar minha vida de míope, que dirá procurando par perfeito em minhas andanças. Os amores da minha vida surgiram quase que do nada. E tudo aconteceu muito naturalmente. E ainda acredito na lei do menor esforço nas questões afetivas. Aproximações devem acontecer espontânea e livremente. Mas observo as feministas de carteirinha. Aquelas que não precisam de homem para nada e, pasmem: São as maiores pegadoras. Sempre de antenas ligadas no movimento dos "gatinhos". Colecionando aventuras supostamente não românticas, mas que na verdade parecem camurflar uma necessidade humana de amar e ser amado. Posso estar muito enganada, mas às vezes acho que elas estão muito mais "à procura" do que minhas colegas de sapato de cristal. A turma que sublima? Essas estão temporariamente fora da área de cobertura, mas, no fundo, no fundo, torcendo para chegar alguém arrebatando seus corações e provando que elas estavam muito erradas em desacreditar no amor. Pronto. Falei!