terça-feira, 1 de novembro de 2016

A gente nunca vai sobreviver a não ser que se torne um pouco louco



A gente nunca vai sobreviver a não ser que se torne um pouco louco.

Não criei esse raciocínio. Foi um belíssimo (B E L Í S S I M O) homem britânico que abalou o mundo com essa que ainda é umas das minhas músicas pop favoritas de todos os tempos: Crazy (louco, em inglês).

Dizem que o Seal estava se referindo a algumas coisas "loucas" acontecendo no mundo, como a queda do Muro de Berlim.

Porque coisas loucas são assim: Referências de coisas inusitadas. Muito boas ou muito ruins.

Talvez inusitada não seja a palavra mais adequada. Talvez seja melhor usar a palavra impactante.

Vejo coisas impactantes acontecendo no mundo agora.

Uma amiga de outro país me perguntou esses dias se o Brasil estava se tornando um país bipartidário, como o dela.

Respondi (sem qualquer conhecimento mais profundo de ciência política) que nosso país ainda está engatinhando no exercício da democracia e a maioria das pessoas sequer tem noção do que são questões partidárias e definitivamente eu não acreditava que era esse o caminho que o Brasil estava tomando.

Só que há muito tempo deixei de ver fronteiras geográficas.

Não me sinto Aracajuana, não me sinto Brasileira. Apenas parte do mundo. Parte do todo.

As crises políticas e econômicas são recortes trágicos de um mundo doente aqui e em quase todos os países, ressalvadas as particularidades de cada região.

A naturalização da intolerância e do ódio são um dos sintomas que mais me fazem refletir.

Esses dias fui obrigada a conviver com alguém que nunca me conheceu pessoalmente, mas vetou todas as formas de comunicação que tentei estabelecer.

E tentei muitas e muitas vezes ao longo dos anos, na tentativa de ajudar alguém que me é muito caro.

Enfim o dia de nos encontrarmos chegou, justamente porque as pessoas precisam se tornar um pouco loucas para sobreviver.

Ouvi sexismo, preconceito, maldade, coisas de fazer o coração sangrar, com aquele sentimento de injustiça.

Esse alguém (que me julgou e condenou sem nunca ter me olhado nos olhos) e outras pessoas que compartilham da mesma opinião tiveram acesso a minha vida.

Achei que seria necessário diante das circunstâncias que apareceram.

Passei muitos dias sem dar notícias, nem mesmo às pessoas mais próximas.

De alguma forma baixei a guarda e, mesmo sem querer, permiti que esses sentimentos negativos me tocassem.

Então hoje comecei a responder, calmamente, uma a uma.

O que disse foi basicamente o mesmo: Entrei no olho do furacão. Deixei-me atropelar pelos fatos e perdi o chão. Parei tudo e fui meditar. Meditar por horas, dois dias seguidos E isso me reconectou com o todo.

com o mundo lindo que amo pertencer. Nesse mundo há compaixão por todas as pessoas, inclusive as que lhe passam as piores energias. Elas não sabem o que estão fazendo.

Se elas parassem alguns minutos do dia que fosse para simplesmente ouvirem a própria respiração, ouviriam o que o Universo, Deus, Uma Força Maior (o que quer que você acredite) tem a dizer.

O Universo me soprou que enlouquecer num mundo deturpado é não compactuar com a maldade. Nesse sentido abençoados todos os "loucos".

Uma Força Maior me deu certeza de que tudo está encaminhado em seu percurso natural e que é melhor que eu seja uma facilitadora desse trajeto e não a pessoa coberta de boias e coletes salva-vidas nadando contra a corrente.

Deus encheu meu coração de compaixão por aqueles que cegam diante de suas próprias crenças, perdendo a oportunidade de viver com leveza, algo que não pretendo abrir mão, independente dos desafios que apareçam na minha frente.

Buddah descobriu que somos todos um.

Sou a pessoa que teve um colapso. Sou a pessoa que trata. A pessoa que está sendo tratada. Sou a família que ajuda. Sou a família que atrapalha. Sou quem julga. Sou quem é julgada.

Com absoluta honestidade, sou toda a maldade que me incomoda.

Abraçando-a e deixando partir, encontro a saída do olho do furacão.

Osho afirmou que ao menos que eu seja um Buddah, não conheço nada de liberdade.

Assim sigo meditando, grata por todas as oportunidades e aprendizado que os últimos dias têm proporcionado.

E mesmo não conhecendo a liberdade, irei ao seu encontro. Hoje e sempre!







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