sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Nós nos conhecemos na hora errada!

Há dias que temos uma vontade louca de falar um monte de coisas, especialmente quando os sentimentos que nos movem são raiva, decepção, desilusão... Nesses dias, definitivamente devemos nos trancar em nosso silêncio, cumprindo o essencialmente necessário e dormindo bem cedo! 
 
Se a inquietude for imensa, calem suas bocas com cinema, música ou uma leitura divertida. Ah! E não gastem seus cartuchos enchendo os ouvidos dos amigos. Deixem para ultíssimo caso!
 
Sabem aquela frase aparentemente canalha? Nós nos conhecemos no momento errado! Pode ser que um ou outro cretino a utilize como jargão, mas a grande maioria das vezes ela contém imensa sabedoria.

Calma! Não é que conhecer alguém tenha a ver com momento! Conhecemos pessoas o tempo todo e, se você for uma pessoa expansiva, verá que quanto mais gente conhecer, mais opções sociais você tem, para o caso de precisar. 
 
Agora, mergulhar de cabeça numa relação, antes de cicatrizar as feridas de uma outra? 



Ah!Como caimos nessa roubada tantas e tantas vezes? Você conheceu uma pessoa incrível um mês depois do seu divórcio? Ótimo, mantenha uma distância segura! Amigos, ok, mas nada de beijos, abraços ou qualquer tipo de afetividade romântica. Radical? Não! Observação pura e simples de todos que estão ao meu redor. Nos anos 90, em Aracaju, uma mocinha só podia começar um novo namoro após um prazo de aproximadamente 6 meses. Antes dito sua fama estaria seriamente comprometida. 
 
Convenções sociais determinando quando e como podemos começar a namorar são impensáveis nos tempos de hoje, mas, acreditem, neste caso há bastante maturidade envolvida!
 
O que a gente mais vê nos tempos atuais são pessoas com quem nos atracamos no pior momento que poderia existir! Um momento que era para ser de luto, de sofrimento pelo fracasso da relação anterior. Não dá para tentar fugir de tudo isso, pois só com a ruminação de tudo que aconteceu de errado e de tudo que nós fizemos de errado é que podemos estar transformados a ponto de tentar não repetir os mesmos erros na relação seguinte. 

O que fazemos? Com os assoporos desesperados da juventude (e o conceito de juventude anda bem elástico), agarramo-nos ao primeiro gesto de carinho. Ao jeito cativante da próxima vítima, às qualidades completamente opostas aos defeitos da figura de quem acabamos de nos separar (e é óbvio que sentiríamos atração por alguém que representasse esse contraponto!) e temos certeza absoluta que estamos completamente apaixonados. 
 
Só que o fato de ter sido muito cedo para um envolvimento gera a crise dos constantes desentendimentos, sempre contornados pelo nosso desejo desesperado de que dessa vez dê certo
 
Mas como não bater de frente com essa pessoa estranha a quem nos agarramos com unhas e dentes? De que outra maneira poderia ser? Relacionar-se é muito complicado! Mais ainda quando os dois não tem a menor idéia de onde estão se metendo! Conhecer, beijar e namorar, tudo na mesma noite! É assim que as pessoas acham que vão construir uma relação sólida?
 
As duas pessoas, naquela noite e nas semanas seguintes podem estar cheias de objetivos comuns, mas o quanto elas sabem dos desejos mais profundos de cada um? Elas sabem quem você é naqueles dias, mas ela sabe em quem você quer se transformar? Você está pronto para a pessoa que o outro quer ser um dia?
 
De repente elas começam a percorrer caminhos completamente opostos: Um buscando, por exemplo, sucesso profissional e financeiro, quando você se apaixonou justamente pelo seu jeito simples e sem ambição. E o outro, socialmente melhor colocando, querendo única e exclusivamente melhorar questões existenciais, desapegando da matéria, buscando felicidade, prazer, satisfação, coisas que muitas vezes ficaram para trás para ele chegar ao patamar que estava quando eles se conheceram.  

Não é à toa que se cria um abismo entre esses casais! Eles passam a desejar coisas completamente diferentes da vida! Por vezes permanece a paixão, a química... E isso pode mantê-los unidos anos a fio, mesmo depois de milhões de arranca rabos...
 
Mas o que é atração física quando o que está em questão é um projeto de viver juntos até a velhice? Não é suficiente! Principalmente porque adoecer não é sexy! Engordar não é sexy! Não tomar banho antes de dormir não é sexy! Assistir tv o domingo inteiro não é sexy! Roupas e pratos sujos não são nada sexy! Não são necessários muitos meses para a atração fatal se transformar em intolerância total!
 
A ironia é que depois sempre tem o sábio do casal, aconselhando que a pessoa se cuide mais, seja mais independente, pense mais em si mesma... E a figurinha conselheira está certa, afinal você passa séculos à sombra do salva-vidas que agarrou quando estava se afogando em sua dor-de-cotovelo. Ele aceitou que você pousasse à sua sombra, recostasse em seu peito e entregasse sua vida, seu sofrimento, seu passado, como também sua alegria, sua fé, seu amor... 
 
O sobrevivente se entrega sem qualquer reserva e tenta fazer dos braços do seu novo companheiro um porto seguro. A gente quer acreditar que  essa entrega total vai transformar toda dor em alegria, todo sofrimento em harmonia, como num passe de mágica! Confiamos em poderes que o outro, no afã de lhe conquistar, até finge ter, mas não tem! Claro que não tem! Ninguém tem esses poderes! A culpa não é do outro! A culpa não é sua! Você pensa que pode, o outro pensa que sempre vai suportar... E lá se vão dois inocentes e principiantes nessa coisa de amar...
Não têm mesmo noção da confusão e estrago que vão causar na vida um do outro! 
Nunca é intencional! Eles simplesmente não sabiam que era cedo demais para qualquer envolvimento íntimo! E então são mais dois adultos feridos, de coração espatifado! Decepcionados até as tampas com o rumo que essa relação (fadada ao fracasso) tomou.
Pessoas que se dispoem a sofrer um pelo outro e desaprendem a viver sem esse sofrimento. Acontece que isso não é algo com o que devemos nos acostumar!
Assim o melhor que temos a fazer nos dias que batem sentimentos negativos é fazer uma franca análise dos fatos, tentando ser o mínimo parcial possível e só aí transformar a experiência dolorosa numa doce lembrança, com compaixão e compreensão de que quem fere e quem é ferido queria, de fato, acertar, embora quase tudo tenha saído tão errado.
 
E se você está pensando em arrumar uma confusão dessas para sua vida, tente respeitar o prazo mínimo de 6 meses para saber se é disso mesmo que você está precisando.

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