Um novo ciclo

29 de Outubro de 2011 - Ferreiro Jardins

É interessante observar os ciclos que se repetem na nossa vida.
Não estou falando das repetições tratadas e combatidas nos consultórios psicológicos, mas na certeza de que mesmo subjugando-nos às mais terríveis condições, um dia damos um basta com o firme propósito de tomarmos as rédeas do nosso destino.
Às vezes passamos anos atuando pelo princípio da inércia, até finalizarmos um ciclo e iniciarmos outro ainda melhor e mais desafiador.
Lembro dos dois anos finais da minha faculdade. Estudei Direito na Universidade Federal de Sergipe com muito orgulho!
Os anos de 1998 e 1999 foram inesquecíveis! Além dos meus amigos de toda uma vida, tinha a proteção incondicional de Gilson Souza, Fabrício Medeiros, Isadora
Mutti e Nathália Calumby. Nós éramos inseparáveis! Nathália me apresentou a Luziana e Íria, duas figuras alegres e com a mesma fome e garra para viver que eu tinha.
Nunca vou esquecer do dia que eu estava com um problemão do tamanho do mundo, mas saí para me distrair no Tequila Café com essa turma. Estava prestes a pagar um King Kong, quando Íria pegou na minha mão e me pôs para dançar animadamente, olhando para o alto, com o peito bem estufado. "Andréa, dance! Dance! Tem milhões de pessoas no mundo. Você é apenas uma delas!"
Meses depois papai do céu decidiu levá-la para perto dele, mas até hoje, quando estou numa situação complicada, ouço sua voz sempre empolgada: "Andréa, dance! Dance!"
Nathália era a menina mais linda que já conheci na vida e sua beleza estonteante fez eu descobrir minha própria luz. Não tinha medo de sair ao seu lado. Íamos juntas para cima e para baixo e eu sempre me sentia tão especial quanto ela! E era igualmente assediada, viu? Embora fosse comprometida e não quisesse ninguém além do meu marido perto de mim (Hoje desconfio que ele não pensava do mesmo jeito). Acredito que ela se sentia bem com isso também, acostumada a conviver com bruxinhas recalcadas, inseguras com sua perfeição.
A gente se arrumava, trocava perfumes, mas eu nunca cheguei a me acostumar com o quanto ela era linda. Sua beleza era física, mas também era de coração, de amizade, de talentos múltiplos... Sentia-me confortada por sua amizade.
Luzi era pura farra! E como era gostoso contar com seu sorriso nas noites quentes de Aracaju! 

Gilson e Fabrício eram meus irmãos mais velhos, capazes de dar porrada em qualquer engraçadinho que ousasse cruzar o meu caminho. Gilson mais carinhoso, Fabrício mais encrequeiro, ambos super presentes a qualquer hora!
Isadora...Ah Isadora Mutti! O que dizer daquela moça alta, magra, inteligentíssima, com rosto impecável, mas uma louca certeza absoluta de que precisava de uma plástica no nariz? Nunca teve noção de sua magnitude! Ficava admirada com sua simplicidade disfarçada de glamour. Feito uma pateta, era capaz de torrar o salário de um mês inteiro num sapato de grife estrangeira, numa época que o auge do status em Aracaju era a Forum! Mas era a mesma pessoa que sentava comigo numa lanchonete na periferia e conversava por horas a fio, envolvida com minha vida, preocupada com meu futuro, apoiando-me incondicionalmente. 

Como não cair de amores por um ser tão contraditório?
Eram pessoas capazes de se juntar para fazer um supermercado na minha casa, nos momentos de maior dificuldade. Dá para passar um dia da minha existência sem desejar que eles sempre estejam por perto?

Mas além desses anjos incríveis que me cercavam, tinha minha própria energia, meu sorriso, meu altíssimo astral e a certeza de que ainda seria muito feliz! Confiava tanto e tanto no meu taco que emanava uma luz forte por onde passava...

O tempo foi passando, muitas coisas não saíram como imaginei e por uns tempos me entreguei num desânimo que me fazia olhar para as fotos daquela época com uma saudade doída, uma plena convicção de que aquela Andréa não existia mais. Ela tinha morrido junto com todos os meus sonhos.

O fato é que alguma coisa aconteceu de uns meses para cá e descobri que ainda sou aquela mesmíssima Andréa, apesar de algumas pessoas próximas tentarem me convencer de que eu já era. 

A gente tem uma mania ridícula de dar muito mais atenção às críticas que aos elogios. Já repararam? Fui ouvindo, assimilando, aceitando... Até que um dia olhei no espelho e me reconheci lá no fundo dos meus olhos.

Epa! Quem disse que eu não sou mais eu? A única certeza que tenho é que sou a mesma de 10, 15 anos atrás... Tenho alguns defeitinhos a mais, mas muito mais qualidades, aquelas que só o tempo são capazes de trazer...

E quer saber? Até Gilson está por perto novamente. Isso sempre é sinal de coisas boas por vir...

E aqui estou eu, sábado, 23h20, 29 de outubro de 2011, absolutamente aberta para todas as mudanças que estão por vir. 

Pronta, muito pronta para esse novo ciclo!