segunda-feira, 28 de março de 2016
Seu amor pelo The Smiths diz muito sobre você
Há alguns anos minha filha mais velha comentou, sobre minha declarada paixão pelo The Smiths(que passou a ser dela também): "Não confie numa pessoa feliz que adora Smiths, ela é podre por dentro."
Isadora é assim: cheia de tiradas sarcásticas, humor refinado e super inteligente.
Nada mais verdadeiro.
Quanta dor existia dentro de mim, quantas crises de depressão fortíssima já me abateram, mesmo que sejam hoje uma lembrança (muito viva) de tudo que não quero mais para mim.
Como um diabético que deve controlar a insulina, devo estar atenta a todos os sintomas e combatê-la antes de ser nocauteada.
Os dias mais sombrios agora estão distantes, mas ainda me vejo admirando boquiaberta a espontânea alegria (leve e simples) de viver de algumas pessoas, como a do meu marido, Junior.
Para elas é difícil entender tanta afinidade com a interpretação doída do Morrissey (Swwet Moz). Para nós, nada mais óbvio.
Quinta passada, exausta, com dor de cabeça e muito sono, arrastei (e confesso até paguei) para o Junior me acompanhar no show dos Handsome Devils, num tributo aos Smiths.
A cena era de uma geração inteira em frente ao palco, dançando, cantando e sentido cada palavra proferida e cada acorde tocado, enquanto Junior, cada vez mais bocejante, implorava para irmos embora.
Eu disse que iria quando ouvisse minhas duas músicas favoritas: How Soon is Now e There´s a light that Never Goes Out.
Para minha sorte, e total infortúnio do meu acompanhante, foram justamente as duas últimas músicas de um inesquecível show.
Em sua defesa, relato que, mesmo tendo arco íris no lugar de sombras por dentro (e talvez por isso mesmo), ele resistiu heroicamente.
Em minha defesa, admito que não amo the smiths pelo nosso passado juntos, mas por tudo que aquela guitarra deliciosamente arrastada ainda me faz sentir. Amo porque aquela dor exposta, sem qualquer pudor, é um exorcismo da melhor espécie. Amo porque a música me salva todos os dias da minha vida.
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Ai, meu coração!
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