quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Manual de Instruções para Relações Afetivas Modelo 2013/2014
É disso que estou precisando: Manual de instruções para relações afetivas modelo 2013/2014.
Será no formato perguntas mais frequentes e respostas didáticas com desenhos ilustrativos.
Não dá para colocar os pés para fora de casa sem ele! Tem que vir numa diagramação "pocket book", que caiba em qualquer tamanho de bolsa que estejamos usando.
Das duas uma: ou as pessoas perderam a coerência entre o que elas desejam e como elas agem ou, o que é muito pior, foram decididamente devoradas pelo consumismo e desejam tudo ao mesmo tempo, num leque infinito de possibilidades, sem qualquer foco e, consequentemente, sem qualquer chance de estabelecer conexões reais.
A oferta é tão grande que as pessoas simplesmente não sabem o que desejar. São crianças numa loja de brinquedos. São eu na loja da fábrica da Arezzo em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul ou na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em São Paulo.
Mas, excetuando as situações acima descritas, tenho o que, nos dias de hoje, vejo ser quase um defeito: Essa coisa irritante de sempre saber exatamente o que quero e como quero.
E mais. Tenho toda paciência do mundo para que tudo se ajuste, a seu tempo, até ficar do meu jeito. Se puder ajudar, ajudo, se não puder, rezo, mentalizo, energizo, apelo para o cosmos, meus queridos, num exercício mental incessante de "querer é poder e conseguir".
O Manual terá que me ensinar a me fazer um pouco mais de boba, de lerda, de desalentada.
Ser muito decidida é como ser um zumbi diante do cérebro daqueles que atormentam suas vidas com inacabáveis dúvidas.
Os desenhos ilustrativos devem demonstrar com riqueza de detalhes as expressões de um olhar blasé diante de situações comoventes. Tenho praticado essa porcaria, mas confesso que acabo escorregando e cometendo algum excesso de autenticidade. (Dei uma escorregadela dessas hoje mesmo! Salve-se quem puder!)
Minha intensidade extrapola olhar, movimentos, sorrisos, palavras. Quieta, moça! A moda agora é fingir não querer nada, não ter tesão por nada, não desejar o que de fato se deseja.
Já ouvi cada absurdo! As que me chamaram atenção recentemente foram: "Fiquei com fulana, mas o que queria mesmo era ter ficado com sicrana."; "Não gostei daquela pessoa porque ela demonstrava estar interessada demais em mim" e uma das melhores: "Por que ele (o amante) não luta por mim e me livra de um casamento insuportável?".
Não posso comentar cada uma, por zelo redacional, sob pena de construir um texto infinito, mas, com todo respeito aos ateus: PELO AMOR DE DEUS/JAH/ALÁ! Estamos na geração "mamãe,quero ser masoquista"?
Gente, será que sou a última pessoa do universo que gosta de ser olhada dentro dos olhos? A única que prefere um largo sorriso à indiferença? A única que gosta de receber atenção das pessoas por quem se interessa?
E tudo que escrevi já é exercício proposto pelo manual, pois minha vontade era escrever objetivamente:
Olha, eu quero. Quero muito. Sabemos que não será perfeito. Sabemos que quanto mais velhos, mais marcas do passado carregamos. Sabemos que tudo isso é assustador por mil e um motivos, especialmente por nossa arrogância em querer ter sempre o controle da situação e sabermos que não temos, mas assumo o risco.
Mas não disse e não vou dizer nada. Vamos brincar o jogo do contrário. Ninguém aqui quer mais nada! Melhor mesmo nem chegar perto, nem falar. Vai que esquecemos as regras do jogo e resolvemos viver?
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